Em Rede de Intrigas, Howard Beale é o âncora de um importante telejornal da rede UBS. Quando Beale tem um colapso nervoso em frente às câmeras e passa a falar mais que devia, a produtora Diana Christensen vê uma oportunidade para aumentar os níveis de audiência.
Pode-se dizer que o tema principal deste filme é a televisão e sua influência. Alguns dos primeiros planos nos posicionam muito bem quanto a isso. Longos segundos mostrando, de baixo para cima, a magnitude das sedes das grandes redes de TV americanas. Em certos momentos a câmera parece que vai engolir o apresentador.
Mas o roteiro de Paddy Chayefsky vai bem além disso. Num clima quase que de fantasia, identificamos a religião em programas sensacionalistas. As associações não são sutis. Os próprios personagens chamam Beale de profeta. E o encontro do âncora com o dono da empresa por trás da rede é um épico religioso com grandes frases dignas de se perpetuarem através da cultura pop.
Parte da complexidade do roteiro se preocupa em desenvolver personagens muito interessantes. Como a produtora que não antes, não durante nem mesmo depois do sexo consegue parar de falar sobre seu trabalho. Ou a comunista que, seduzida pela fama e dinheiro, usa a força de seu estereótipo para brigar por uma fatia dos lucros e posicionar melhor o seu show na grade de programação.
Para tantos personagens importantes, atuações à altura. As performances de Faye Dunaway, Peter Finch e Robert Duvall fazem situações inacreditáveis parecerem perfeitamente possíveis.
Apesar de parecer complexo e alegórico demais, Rede de Intrigas é uma talentosa representação dos nossos medos que persistem até hoje do poder da mídia. Uma religião, onde o deus é o dinheiro.
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Ficha Técnica
Rede de Intrigas (Network, 1976)
Direção: Sidney Lumet
Roteiro: Paddy Chayefsky
Elenco: Faye Dunaway, Peter Finch, William Holden, Robert Duvall
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