Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres

Filme baseado em livro homônimo, Os Homens que Não Amavam as Mulheres passa-se na Suécia, onde um poderoso homem contrata um jornalista condenado para tentar solucionar um crime que ocorreu há mais de 40 anos.

Não consigo imaginar um diretor mais apropriado para dar vida no cinema à obra de Stieg Larsson do que David Fincher. Acostumado a retratar a realidade, Fincher dá um caráter quase documental à ficção sueca. E, visto que a história que molda os acontecimentos do filme é bastante antiga e os protagonistas são investigadores, esse é mesmo o tom certo.

O título do longa é a tradução literal da versão sueca, o que contempla mais fielmente a ideia geral. Mas não é à toa que o título da versão americana seja The Girl With the Dragon Tatoo (A Garota com a Tatuagem de Dragão, em tradução livre). Lisbeth Salander, a garota citada, apesar de talvez não ser a protagonista, é de longe a personagem mais interessante da trama. O diretor traça um ótimo perfil dela. As cenas de terror vividas por Lisbeth são intencionalmente demoradas, causando um pouco de repulsa ao espectador. Mas é importante, para que percebamos o modo de pensar da personagem e entendermos ou justificarmos suas ações futuras.

Por isso tudo, Daniel Craig, que representa o protagonista Mikael Blomkvist, fica em segundo plano diante da atuação de Rooney Mara

Mas o maior trunfo do longa é justamente o seu maior inimigo. O excesso de detalhes acaba tornando o início confuso, com muitas informações. Felizmente a partir do segundo terço o ritmo é estabilizado e fica mais agradável. O que não ocorre na também recente adaptação sueca. Provavelmente o livro de Larsson merecia mesmo era uma minissérie para a TV.

Leigômetro: ★★★★☆ 

Ficha Técnica
Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres (The Girl with the Dragon Tattoo)
Direção: David Fincher
Com: Daniel Craig, Rooney Mara, Christopher Plummer, Stellan Skarsgård

Comentários

4 respostas para “Millennium – Os Homens que Não Amavam as Mulheres”

  1. Só assisti até agora a versão européia, mas como essa aqui ficou por conta do David Fincher, certamente irei conferir em breve. Tenho lá meus pés bem firmes quando se trata de refilmagens de filmes relativamente recentes, como por exemplo o Deixa Ela Entrar, que eu não consegui passar de 30 minutos na versão norte-americana, mas pelo que sei essa nova versão do Millennium tem suas peculiaridades, então vou encarar sim.

  2. Rafael, não achei tão ruim a versão americana de Deixe Ela Entrar. O maior problema dela é que a versão original é mesmo muito melhor. 😉

    Quanto a Os Homens que Não Amavam as Mulheres, não creio que se possa dizer que é uma refilmagem, pois o roteiro foi adaptado direto do livro. Eu achei a versão americana melhor que a sueca. Algum dia isso ia ter que acontecer. 🙂

  3. Sei lá eu achei o tempo muito curto pra lançar a versão americana. Não posso dizer que prefiro a trilogia sueca por que até agora somente um filme foi lançado na versão americana. Mas eu curti a saga sueca.

  4. Bruno Zé

    Só hoje (cerca de 10 meses depois dessa crítica ir ao ar) eu enfim assisti ao longa. Mas fiz questão de vir comentar. Pode parecer mentira, mas eu não lembrava de jeito nenhum que David Fincher era o diretor da produção. Se tivesse isso em mente, provavelmente teria assistido muito antes. Dono de uma filmografia invejável, (seu único deslize é Alien 3, mas que é perdoado por ter dado origem a um excelente jogo no saudoso Mega Drive) David Fincher mostra como consegue criar um clima de tensão crescente e nos apresentar personagens cativantes.

    Não achei o início da trama um “defeito”. Ele é confuso? Sim, mas não é um inimigo do longa. Na verdade ele é propositalmente complexo. Nós entramos no universo da família investigada através dos olhos do personagem de Daniel Craig. E ele também está meio perdido no começo. O próprio Henrik fala ao contratá-lo “No início você vai achar tudo meio confuso. São muitas pessoas, mas com o tempo, você vai nos conhecer bem demais. E eu peço desculpas por isso.”. E é legal percebermos que até a montagem vai se tornando mais dinâmica com o desenrolar da narrativa. No terço final, como você mesmo cita no texto, já estamos bastante inteirados da trama e os cortes já começam a se tornar mais frequentes numa estética meio videoclipe. Mas com uma elegância incrível e sem nunca perder a fluidez ou tornar o que está se passando na tela um amontoado de imagens confusas. Michael Bay deveria fazer um curso com Fincher.

    Fotografia impecável. Roteiro instigante. E belas atuações. De Daniel Craig que consegue se desvencilhar da imagem do agente secreto da rainha, ao espetacular trabalho de contrução de Rooney Mara! Achei inclusive que o filme parece ser um neo-noir. FILMAÇO!!!

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