Rango

O vento sopra, a poeira sobe, rola uma bola de feno. Os adversários fitam-se, os dedos mexem-se rente ao coldre. Rango, nosso herói, está preparado para sacar sua arma. Ele é um camaleão. Numa camisa havaiana.

De Gore Verbinski, o diretor de Piratas do Caribe[bb], Rango é uma animação que conta a história de um pequeno camaleão de estimação homônimo em busca de auto-conhecimento. Ao perder-se dos donos e chegar numa cidade onde todos o ignoram, ele decide interpretar um personagem para ser bem visto.

Por ser uma animação e por ser uma comédia, provavelmente alguns pais levaram seus filhos ao cinema para uma tarde em família. Mas Rango é muito mais que um filme infantil. Apesar das trapalhadas do personagem que dá nome ao título deixarem o longa mais leve, alguns temas sugerem uma animação mais adulta. O assassinato de um coadjuvante, a punição do antagonista e até mesmo uma tentativa de suicídio, por exemplo. Ouvi no cinema algumas crianças curiosas perguntarem coisas como “ele morreu?” ou ainda “ele vai matar o outro?”.

O design da produção é um capítulo à parte. A fotografia é impecável. Algumas paisagens belíssimas nos fazem esquecer que estamos num mundo fictício. A construção da cidades, dos locais clássicos desse estilo, como o saloon e o banco é perfeccionista. Além disso, os animais figurantes feios e sofridos que compõem as cenas são geniais. Como a toupeira que, cega, leva uma espécie de venda que parece suja de sangue. Há um pouco de Tim Burton[bb] aqui.

O roteiro flui bem e não duvida da inteligência do telespectador. Prova disso é a sequência inicial quase surreal, quando sabemos da origem do protagonista. Preso num pequeno viveiro com alguns objetos tão díspares quanto uma Barbie sem a cabeça e um peixe de plástico, Rango sente-se sozinho e dirige a si próprio num filme em que tenta se definir dentro da sua própria história. Falando em surreal, destaque para a forma excepcional de como retratam um sonho de Rango.

A trilha sonora é assinada por nada mais nada menos que Hans Zimmer, de, só para citar um trabalho, O Rei Leão. Além de nos fazer mergulhar no faroeste, é divertidíssima, principalmente quando interpretada pelo quarteto de corujas músicas.

Um autêntico western moderno, que remete à novos clássicos, como Bravura Indômita dos irmão Coen, Rango é sim uma tarde de lazer (inteligente e sensível) com a família.

Leigômetro: ★★★★★ 

Ficha Técnica
Rango (2011) 
De: Gore Verbinski
Com: Johnny Depp, Isla Fisher, Abigail Breslin, Alfred Molina, Bill Nighy

Comentários

Uma resposta para “Rango”

  1. Tive a mesma impressão, de ser um filme mais adulto, com “A lenda dos guardiões”. Um filme em animação, entende-se para criança, mas com cenas/temas mais densas…

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