O Lobo de Wall Street

Baseado na história real de Jordan Belfort, O Lobo de Wall Street passeia pela vida deste corretor da bolsa, seu controverso sucesso profissional e seu envolvimento peculiar com sexo e drogas.

O Lobo de Wall Street

Esqueça Hugo Cabret. O diretor Martin Scorsese está de volta à pungência que melhor o caracteriza. Mas Scorsese escapa ao máximo da sua zona de conforto ao usar ousados recursos cinematográficos que muito auxiliam a narrativa.

Como quando a voz do próprio protagonista, narra o seu passado, e mais, o personagem quebra a quarta parede e vangloria-se de suas façanhas diretamente ao espectador. Instantaneamente entendemos muito da sua personalidade orgulhosa e distorcida. Ou durante a conversa por pensamento entre Jordan e o banqueiro, mostrando como aqueles dois tão bem se entendem.

O roteiro é eficiente ao trazer empatia logo no início ao protagonista. Apesar de excêntrico, ali está uma pessoa que cresceu e venceu na vida. Isso é importante porque de certa forma deixa o observador condensendente com os excessos cometidos por ele. Mesmo diante de comportamentos deploráveis, a tradução é de humor. Mas com o desenrolar dos eventos, o exagero que antes era engraçado vira pena, reprovação e aversão. A provocação é também com o espectador.

Durante a projeção, há também um tom voltado à questões religiosas. O personagem Mark Hanna assemelha-se a um xamã, que receita remédios para o corpo e para a alma. Em determinado momento, Jordan aparenta um líder espiritual, num culto onde o deus é o dinheiro.

Alguns símbolos tornam tudo mais rico. Por exemplo a cor vermelha, frequente na filmografia de Scorsese, que banha a fachada do bar onde pela primeira vez Jordan é confrontado pelas consequências dos seus atos. Ou a bandeira dos EUA tremulando atrás do agente do FBI que nos conta sobre suas reais intenções.

Leonardo DiCaprio mais uma vez apresenta um ótimo trabalho, trazendo alguns detalhes que trazem riqueza ao personagem, como quando trata com cinismo quando o seu pai tenta fazer uma prestação de contas. Jonah Hill tem uma excelente performance e mostra mais uma vez que, além do humor, consegue imbuir uma carga dramática muito grande nas suas atuações.

Com seu virtuoso diretor em grande forma, O Lobo de Wall Street é divertido, arrojado, confiante, áspero e talvez até rude. É cinema de gente grande.

Leigômetro: ★★★★★ 

Ficha Técnica
O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street, 2013)
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Terence Winter, Jordan Belfort
Elenco: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill, Margot Robbie, Matthew McConaughey, Jon Bernthal, Jon Favreau, Jean Dujardin

Comentários

Uma resposta para “O Lobo de Wall Street”

  1. Marcia Bessa

    Assistí e gostei, Leonardo DiCaprio está maravilhoso,. Muito bem dirigido, Martin Scorsese usou e abusou do saber desta arte.
    Bom texto. Márcia.

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