Depois de um filme mediano (pra não dizer medíocre) a Disney retorna ao seu porto seguro e, ainda que subverta alguns dos clichês que ela própria estabeleceu, mostra que sabe como nenhum outro estúdio criar uma animação para toda a família. Repleto de aventura e com humor na medida certa, Frozen é, sem dúvidas, uma legítima animação Disney.
Com uma introdução sucinta e eficiente, Frozen nos apresenta seus personagens principais e estabelece rapidamente o conflito que permeará toda a projeção. Tendo nascido com poderes congelantes, a princesa Elsa, numa manhã de brincadeiras, acidentalmente fere sua irmã mais nova Anna e quase a mata. Para salvá-la, seus pais a levam rapidamente para os trolls da floresta. Acontece que a única forma de reverter o mau é apagando todas as memórias relativas a magia que a pequena tinha. Desde então, Elsa passa a esconder seus poderes com medo de ferir novamente sua irmã. Anos mais tarde, após a morte de seus pais, Elsa está para ser coroada, mas mais uma vez perde o controle de seus poderes e resolve fugir para as montanhas, congelando todo o reino acidentalmente. É então que a sua irmã Anna decide partir em sua busca para, não só quebrar o gelo eterno que tomou conta de Arendele, mas também resgatar a irmã que ela tinha durante a infância.
Claro que durante sua jornada Anna encontrará todos os personagens clichês possíveis. Entre eles, o valente Kristoff e sua adorável montaria, a rena Sven, e o divertido boneco de neve Olaf. Mas se por um lado todos carregam traços que os caracterizam como clichês, por outro, o fazem mais como uma homenagem do que por falta de criatividade. Pois é exatamente nos personagens que reside a maior força da animação. Divertidos e carismáticos, todos são desenvolvidos de tal maneira que nos importamos com seus destinos.
E diversão é a palavra de ordem em Frozen. Com aventura transbordando por toda a produção, seja em perseguições ou se atirando de penhascos, a roteirista Jennifer Lee (que co-dirige o longa com Chris Buck) ainda nos presenteia com diálogos e situações engraçadíssimas. O destaque fica por conta de uma “paixão” do boneco de gelo.
Se o conteúdo já seria o suficiente para justificar inúmeros elogios, Chris Buck e Jennifer Lee ainda buscam apresentar tudo num show visual de encher os olhos. As famosas cenas musicais aqui também se fazem presentes. Algumas lembram bastante cenas de Gene Kelly e algumas passagens de Moulin Rouge. E o que dizer do castelo de gelo que mais parece uma versão gelada do castelo-símbolo da Disney?
Mas nem tudo são flores. Mesmo que não apague o brilho da obra, alguns deslizes precisam ser destacados. Um deles fica por conta da dublagem brasileira da personagem Elsa que prejudica um pouco os momentos musicais. Por tratar-se de uma personagem importante e com uma cena musical bastante marcante, deveriam ter escolhido uma voz melhor. O outro problema diz respeito a resolução de um dos problemas centrais da trama que mostra-se muito abrupta e artificial. Mesmo tratando-se de um filme infantil, a solução poderia ser melhor desenvolvida.
Mas se um dos problemas é resolvido de maneira tão simplória, o outro é magistralmente finalizado. Subvertendo um dos maiores clichês da história da Disney, a maneira com que um dos feitiços é quebrado é, ao mesmo tempo, tocante e inteligente, mostrando que a Disney ainda consegue encontrar espaço para inovar mesmo nas suas animações mais tradicionais.
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Ficha Técnica
Frozen – Uma Aventura Congelante (Frozen, 2013)
Direção: Chris Buck e Jennifer Lee
Roteiro: Jennifer Lee
Elenco: Kristen Bell/Érica Menezes e Gabi Porto (Anna – Voz), Idina Menzel/Taryn Szpilman (Elsa – Voz), Jonathan Groff/Raphael Rossatto (Kristoff – Voz), Josh Gad/Fábio Porchat (Olaf – Voz), Santino Fontana/Olavo Cavalheiro (Hans – Voz).
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