O Hobbit: Uma Jornada Inesperada

Quase dez anos se passarem desde a última incursão à Terra Média nos cinemas. Além do imbróglio com os dividendos da trilogia de Aragorn e cia, teve o fato de Peter Jackson não querer dirigir a produção. A cadeira de diretor ficou com Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno), mas o cineasta desistiu no meio do caminho e apenas colaborou no roteiro. Eis que só então, Jackson mudou de idéia e aceitou a tarefa de comandar o longa. A espera foi grande, mas, ainda que não seja um “novo Senhor dos Anéis”, valeu a pena.

Co-roteirizado por Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson e Guillermo del Toro, o longa segue quase que fielmente a trama do primeiro livro de Tolkien. No entanto, com o objetivo (claramente comercial) de transformar o livro numa nova trilogia, há algumas inserções na trama (como o vilão que, no livro, aparece apenas no apêndice) que, ainda que não estraguem a experiência, acabam por alongar o filme desnecessariamente. Basicamente, a história acompanha as aventuras de Bilbo e Gandalf que resolveram ajudar uma comitiva de 13 anões na jornada de volta a sua terra: Erebor, ou a Montanha Solitária. Anos antes, o reino anão e todo o seu tesouro foi tomado pelo dragão Smaug que após um ataque surpresa os expulsou e passou a morar lá.

Toda a ambientação da Terra Média continua impecável. A fotografia, os cenários e a caracterização dos personagens fazem com que nos sintamos novamente de volta ao magnífico mundo criado por Tolkien. E com o avanço da tecnologia, alguns elementos foram melhorados ainda mais. Destaque para os monstros/personagens digitais, em particular, o espetacular Smeagol/Gollum. O que já era incrível ficou ainda mais perfeito. Desde a textura da pele às expressões faciais. Importante destacar o trabalho do ator Andy Serkis que reprisa o personagem.

Apesar de comentar da bela caracterização dos personagens, é importante ressaltar a falta de personalidade dos anões. Explico: são treze deles, mas apenas dois se destacam e acabamos por não nos importar tanto com os outros onze. São todos muito parecidos tanto fisicamente como em comportamento. O que não acontecia no Senhor dos Anéis, uma vez que tínhamos poucos representantes de cada raça e cada um com uma característica muito marcante. Ian McKellen retorna ao papel do mago Gandalf com toda sua imponência e carisma, enquanto Martin Freeman imprime uma certae bem vinda ingenuidade – antes vista no Watson da série britânica Sherlock e no seu atrapalhado Arthur Dent dO Guia do Mochileiro das Galáxias – ao jovem Bilbo.

Ainda que tenha um começo um tanto arrastado – que envolve dois prólogos e uma repetição do início de A Sociedade do Anel – e abusar um pouco dos flashbacks, após iniciar de fato a aventura, a narrativa ganha ritmo e os heróis seguem o ditado “sair da frigideira pra cair no fogo“. Com empolgantes batalhas intercalando encontros que, apesar de não constarem na obra original, servem para matar a saudade dos fãs da versão cinematográfica da saga do anel e também como elo de ligação entre as duas trilogias. Pode não ser um novo Senhor dos Anéis, mas foi um belo retorno ao universo Tolkieniano. E que venham os próximos dois natais, pois já temos presente garantido.

Leigômetro: ★★★★☆ 

Ficha Técnica
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada (The Hobbit: An Unexpected Journey, 2012)
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Fran Walsh, Philippa Boyens, Peter Jackson, Guillermo del Toro
Elenco: Ian McKellen, Martin Freeman, Richard Armitage, Ken Stott, Graham McTavish, William Kircher, James Nesbitt, Stephen Hunter, Dean O’Gorman, Aidan Turner, John Callen, Peter Hambleton, Jed Brophy, Mark Hadlow, Adam Brown, Ian Holm, Elijah Wood, Hugo Weaving, Cate Blanchett, Christopher Lee, Andy Serkis, Manu Bennett

Comentários

4 respostas para “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”

  1. Ramon Nonato

    confesso que fiquei agoniado com a cena em que Bilbo encontra o anel e todos tentam sair daquele lugar. Perecia um jogo de videogame.

  2. Ramon Nonato

    Você assistiu em 3D? Tem esse Filme em 4D? Queria saber se esse recurso foi bem utilizado.

  3. Bruno Zé

    Ramon, eu vi em 2D mesmo. Queria ver em HFR (High Frame Rate, 48 quadros por segundo), mas soube que só haviam salas dubladas com essa tecnologia. Só depois que já tinha assistido que eu fiquei sabendo de uma sala no cinemark que estava legendada, com 3D e em HFR. =(

  4. Ramon Querubim

    Poxa que pena.
    Não vejo sentido nas variações de dimensão (3D, 4D, 50, 60, 75D ou sei lá mais o que criaram) se elas não são bem utilizadas.
    Por isso fiquei curioso com o Hobbit, creio que vou assistir de novo.

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