Sherlock Holmes 2: O Jogo de Sombras (e como)

A segunda aventura do mais brilhante investigador da literatura mundial (refiro-me apenas a essa nova franquia) reforça a veia videoclipe do diretor Guy Ritchie e mostra-se mais do mesmo. Não que isso seja algo ruim, mas também não representa nenhum elogio, uma vez que o primeiro Sherlock Holmes é apenas agradável. Ritchie optou pelo caminho mais fácil e manteve as mesmas convenções narrativas utilizadas anteriormente e entrega mais uma obra divertida e efêmera.

O roteiro, escrito por Michele Mulroney e Kieran Mulroney, mostra-se formulaico e segue as mesmas regras do primeiro longa. A trama acompanha Sherlock Holmes (Robert Downey Jr) investigando uma séries de explosões/atentados que, aliados a um suspeito “suicídio”, levam o detetive a unir-se mais uma vez ao seu fiel escudeiro, o Dr. John Watson (Jude Law). Detalhe que Watson está prestes a se casar quando a trama se inicia. Todas as pistas levam a dupla a confrontar o Prof. James Moriarty, gênio da matemática cujas motivações mostrarão-se no fim das contas tão simples e clichê como as de um Lex Luthor, por exemplo. Os roteiristas, por outro lado, parecem querer compensar essa simplicidade complicando desnecessariamente o texto durante a aventura. Confesso que em alguns momentos me senti um tanto perdido durante a sessão.

Se o roteiro é um tanto confuso e rasteiro, a direção é apenas correta e também segue a mesma fórmula utilizada na primeira aventura do detetive. Reutilizando vários planos, o diretor intensifica o uso da super câmera lenta e praticamente repete a sequência da explosão no cais vista no original (ainda que aqui ela se mostre visualmente mais bonita e emocionante). Além disso, o cineasta abusa da edição frenética com vários cortes e em algumas cenas o resultado é confuso e chega a incomodar.

E se por um lado, a fotografia opta pela utilização de sombras por quase todo o longa, o que, aliado a uma direção de arte predominantemente escura, ressalta o momento sombrio pelo qual o mundo está passando – além de justificar o subtítulo da película -, por outro, esconde o que está acontecendo em várias cenas de ação noturnas. Isso é particularmente triste vindo de um diretor que é conhecido por criar cenas graficamente interessantes.

O ponto fortes da produção é o elenco que com uma química perfeita, mantém o interesse do público por toda a projeção. Se de um lado temos o carisma de Robert Downey Jr., do outro, temos Jared Harris transbordando inteligência e segurança num Moriarty que intimida apenas com o olhar. Os melhores momentos da película são justamente quando os antagonistas se encontram e percebemos que Holmes enfim encontrou um inimigo a sua altura (destaque para a belíssima cena envolvendo um duelo mental entre os dois).

Apoiando-se na competência de seu elenco e com algumas cenas visualmente interessantes, Sherlock Holmes 2, ainda que seja melhor que o primeiro, é apenas uma obra apenas correta que soa encomendada pelo estúdio no intuito de fazer caixa. Não marcará a vida de ninguém, mas vale a pipoca? Elementar meu caro leitor.

Leigômetro: ★★★☆☆ 

Ficha Técnica
Sherlock Holmes 2: O Jogo de Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows, 2011)
Direção: Guy Ritchie
Com: Robert Downey Jr, Jude Law, Noomi Rapace, Rachel McAdams, Jared Harris, Stephen Fry

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