Aprendiz de Feiticeiro: muito a aprender

Dirigindo-me ao cinema para a sessão de Aprendiz de Feiticeiro, preparava-me para um filme de aventura com um clima sombrio e pitadas de humor (afinal, estamos falando da Disney) como qualquer filme da franquia Harry Potter. Ao final da projeção, fiquei com a sensação de que o diretor Jon Turteltaub (A Lenda do Tesouro Perdido) ainda tem muito a aprender sobre a magia do cinema.

Escrito por nada menos que sete roteiristas (Doug Miro, Carlo Bernard, Matt Lopez, Matt Lopez, Lawrence Konner, Mark Rosenthal, Johann Wolfgang Goethe), a trama de Aprendiz de Feiticeiro segue a esquemática receita: improvável herói (Jay Baruchel) deverá salvar o mundo sob a tutela de mestre ranzinza (Nicolas Cage). No meio do caminho aparecerá a sua paixão de infância, seu amigo coadjuvante e outros clichês.

O excesso de roteiristas transparece na tela através dos já citados clichês do gênero e da indecisão de qual tom dar ao filme. Se num dado momento temos a impressão de estar assistindo um típico filme de aventura para toda família, poucos minutos depois mergulhamos num universo mais sombrio, para mais tarde tudo descambar para a comédia pastelão (de longe, os momentos mais constrangedores do filme).

Dentre os inúmeros problemas da produção, um que me incomodou bastante foi o uso da narrativa a serviço dos efeitos especiais. Diferente do que aconteceu no excelente A Origem – onde os efeitos ajudavam a contar a história – aqui há uma inversão de valores e os raios de plasma e outras magias do gênero tornam-se o centro das atenções e tudo no roteiro soa como desculpa para exibir os efeitos (que convenhamos, são muito artificiais).

Outro ponto fraco da película diz respeito ao protagonista que, além de paspalhão, não possui carisma algum. Isso sem falar que sua única função é reforçar o estereótipo hollywoodiano de Nerd. Se Jay Baruchel não possui carisma, o que dizer do par romântico que ele forma com a bela, porém sem sal, Teresa Palmer? Abrindo um parêntese para Becky Barnes ( personagem de Teresa Palmer), talvez o problema com ela nem seja culpa da atriz e sim da dupla roteiro + direção. Além de não ter um mínimo de desenvolvimento, a personagem chega ao absurdo de perder seu medo de altura em questão de segundos para minutos depois cumprir uma missão absurda para alguém que sofria de tal fobia.

Com um fiapo de história que mais serve desculpas para os efeitos “especiais”, atores sem carisma (preciso ver Vício Frenético e verificar se, como estão dizendo, Cage realmente entrega uma atuação digna de sua capacidade) e uma fraca direção, Aprendiz de Feiticeiro é um filme fadado ao esquecimento que divertirá apenas o público infantil. Ou não. Afinal de contas, depois de assistir os filmes da Pixar, a criançada pode ter ficado mais exigente.

Em tempo: há uma cena minúscula após os créditos que não acrescenta nada, mas…

Leigômetro ★☆☆☆☆ 

Comentários

3 respostas para “Aprendiz de Feiticeiro: muito a aprender”

  1. (Porque eu gosto da polêmica!)Vocês ainda insistem em assistir filme com Nicolas Cage? E nem me venham com a desculpa de que ele é que escolhe filmes ruins!

  2. Bruno Zé

    O pior é que eu tenho que dizer: ele realmente escolhe filmes ruins. Basta assistir “Adaptação”, “Despedida em Las Vegas” e “Vivendo no Limite” pra ver que o cara é bom ator. Mas ele faz qualquer coisa que pague bem. Daí esse “Aprendiz de Feiticeiro”, o “Motoqueiro Fantasma”, “O Vidente”…

  3. Ramon Querubim

    Cena minúscula? Aonde? Eu não vi. Não sei se o “Nick”(Cage) escolhe filmes ruins, mas esse “Aprendiz de Feitceiro” perdeu uma boa oportunidade, Tinha potencial. Vamos à frase clichê: tinha a faca e o “Cage” na mão…
    Gostaria de perder o medo de altura em fração de minutos… Quase nada me agradou. Detalhe para a reação(?) da Becky Barnes ao ver ver aquela águia metálica(?) gigante, ela subiu naquele bicho! Que mulher corajosa o filme criou… Eles misturaram coisas demais. Tinha potencial, poderia ter dado certo.
    Vou procurar o filme pra ver essa cena minúscula aí, não sabia que tinha não.
    “Eles tinham a faca e o “Cage” na mão.”

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